segunda-feira, 3 de setembro de 2007

uma mulher mandou-me isto...

Só dois comentários prévios:
- she´s got a point!
- como é que os gajos iam na conversa de as sustentar?! o sexo devia ser fantástico!


"São 5.30H da manhã, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje.

Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir música, a cantar, etc. Se tivesse um cão levava-o a passear nos arredores. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de pôr o cérebro a funcionar.

Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela?

Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos. A vida era um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha.

Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de crédito, a Internet! Quantas horas de paz a sós e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia!

Só que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre "vamos conquistar o nosso espaço"! Que espaço?! Que caraças!

Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés! Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora? Onde é que eles estão? Nosso espaço?!

Agora eles estão confundidos, não sabem que papéis desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz. Essa piada acabou por encher-nos de deveres. E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda!

Antigamente os casamentos eram para sempre. Porquê? Digam-me porquê, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos? A quem ocorreu tal ideia?

Vejam o tamanhão dos bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos! Estava muito claro que isso não ia terminar bem.

Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo ou implantes nas nádegas... Alem de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber água a toda a hora e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manhã desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, que os cabelos brancos são pior que a lepra, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho.

E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro está, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por cima não são os meus problemas!

Tudo para sair com os olhos vermelhos - pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo!

E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfumadas, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámo-nos super mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens! Que desastre!

Não seria muito melhor continuar a coser numa cadeira? Basta! Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores, cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela!

Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstrá-lo a eles?

Ai meu Deus, são 6h10, e tenho que levantar-me da cama... Que fria está esta solitária e enorme cama! Ah... Quero um marido que chegue do trabalho, que se sente no sofá e me diga:
- Meu amor não me trazes um whisky por favor?
Ou:
- O que há para jantar?

Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atragantar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa.

Pensas que estou a ironizar ou a exagerar? Não minhas queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas, liberais... E idiotas! Estou a falar muito seriamente: abdico do meu posto de mulher moderna! E digo mais: A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens esfalfarem-se a trabalhar para sustentar a nossa vida boa! Agora somos iguais a eles!"

2 comentários:

condessa disse...

Bom, concordo com algumas coisas mas há algumas questões que me parecem pertinentes. Se o tal homem que se espera em casa, quando o jantar está no forno, os miúdos com o banho tomado, a casa limpa, as compras feitas e já se tomou um banho para estar apresentável, se esse homem chega a casa e percebe a nossa dedicação e nos abraça e beija com ternura em vez de nos tratar como "dona de casa" então está tudo certo. Alguém tem que dar valor ao que aquela mulher que se dedica à família merece. Só assim é possível escolher este caminho. E a tal mulher vai ser feliz porque sente que tem importância, que era coisa que muitas vezes não acontecia no tempo das nossas avós.

Quanto a mim há umas quantas coisas de que não abro mão:
Uma cozinha grande, para experimentar todos os pratos de todos os livros e revistas de culinária que tenho na estante e que são muuuuitos;
Um atelier de costura, com manequim regulável;
Um espaço para poder pintar e esculpir;
Um jardim, para cultivar rosas, tulipas, girassóis e margaridas;
Um canto para ouvir música;
Todo o tipo de utensílios de cozinha, incluindo a sorveteira e uma máquina de café Nexpresso;
Um guarda fatos enorme e algum dinheiro;
Uma sapateira enorme, porque já se sabe, tenho uma doença, sou "sapatodependente".
Um marido disposto a receber-me de quando em vez, lá no escritório, vestindo apenas uma gabardina e uns sapatos de salto bem fininho, ah! e um colar de pérolas, claro;

JP disse...

A Condessa falou bem.
Estou disposto a dar tudo isso à mulher que conseguir compreender.
Aceitam-se candidaturas:
joao.alferes@netmadeira.com